Relato dia 8 de outubro
你们好[Nimen hao]. Chinese language will be the only one spoken tonight. (COIED, 2015)
Hoje, 8 de outubro de 2012, começou a 2ª edição da COIED. E eu estou virtualmente presente. Sentada em minha casa, vou tirando prints dos diapositivos que passam no computador. Não é que fosse necessário. As gravações das sessões serão disponibilizadas posteriormente, mas é uma forma de fazer perdurar a memória de um acontecimento que já é referência no mundo das conferências online.
A sessão da noite está quase a começar. Leio no chat que o inglês será o único idioma utilizado. Ops! E se em vez de inglês, a língua “oficial” desta noite fosse apenas o mandarim? Não! Realmente não consigo (ainda) imaginar o que seria ouvir um conferencista nessa situação. Mas quem sabe se daqui a dois ou três anos isso não será uma realidade na COIED: eu, e os restantes inscritos, termos acesso a um software que faz a tradução imediata da língua do orador para aquela em que os participantes são nativos ou fluentes.
Where are we going? (Wheeler, 2012)
À medida que vou escutando Steve Wheeler na sua conferência sobre Digital Learning Environments: Learning in a digital age, os pensamentos ganham forma. Para onde caminharemos?
Mudança e velocidade são dois dos conceitos que caracterizam os nossos dias. Em 60 segundos mais de 600 novos vídeos são colocados no YouTube, mais de 1.500 artigos são publicados em blogs, mais de 98.000 entradas surgiram no Twitter, mais de 370.000 chamadas de voz foram feitas através do Skype, mais de 160 milhões de mensagens de correio eletrónico foram enviadas, mais de….
O diapositivo já saiu do ecrã, mas as minhas reflexões (ou divagações) permanecem. Multimédia, Web, smart mobile… Em menos de 20 anos as mudanças tecnológicas foram inúmeras. A velocidade a que ocorrem é alucinante. E uma palavra salta para o consciente: adaptabilidade. Não será esta uma das principais capacidades a desenvolver nos aprendentes do século XXI?
Do you see the slides? (Wheeler, 2012)
Não há contacto visual entre participantes e orador, mas a interação existe e, como resposta à questão colocada, mais de uma dúzia de yes desfilam pelo chat. Learning is changing (Wheeler, 2012) e o modo como estou a fazer a minha formação profissional contínua também está a mudar. São os paradigmas de aprender que se modificam e “nós, como professores, temos uma escadaria para subir”, lembrava o professor José Lagarto umas horas antes na sessão de abertura. Só assim conseguiremos que os nossos alunos e formandos passem da informação ao conhecimento e, mais importante ainda, evoluam até uma transformação crítica do saber, assente numa aprendizagem profunda e não apenas superficial.
Independentemente da idade, esta motivação intrínseca para a aprendizagem contínua é uma relação amorosa que todos nós devemos assumir ao longo da vida. E sem dúvida que este compromisso com o conhecimento torna-se mais fácil quando é vivenciado e partilhado neste evento que é a COIED…
谢谢![Xiexie]. (Coied, 2015)
(Hermínia Marques)
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Relato dia 9 de outubro
«(…) Is Larry Cuban Right?»
As temáticas da sessão da COIED de 9 de outubro de 2012 levaram-me a revisitar o que Andy Hargreaves1 escreveu em 2003 e que respeita às exigências que se colocam, no séc. XXI aos professores:
Teaching is a paradoxical profession. Of all the jobs that are or aspire to be professions, only teaching is expected to create the human skills and capacities that will enable individuals and organizations to survive and succeed in today’s knowledge society. Teachers, more than anyone, are expected to build learning communities, create the knowledge society, and develop the capacities for innovation, flexibility and commitment to change (…).
É Henry Jay Becker2 que em 2000 coloca a questão que dá título a este relato.
Larry Cuban3 referira em 1986 que os decisores políticos, a indústria ou os próprios investigadores não questionavam se os computadores deviam ser introduzidos nas escolas para ensinar, preocupando-se antes como deviam ser usados nesse processo. Larry Cuban defendia que os computadores, como um meio para instrução e como uma ferramenta de aprendizagem, eram incompatíveis com as necessidades do ensino. O elevado número de alunos por turma, o aprender a utilizar o computador, a necessidade de formação sobre como integrar a tecnologia no processo de aprendizagem, a falta de apoio técnico, o tempo exigido ao professor para planificar as aulas ou a exigência por parte da tutela de melhores resultados académicos, são fatores elencados pelo autor para justificar a incompatibilidade que advoga.
Becker leva a cabo em 2000 um estudo que mostra que Larry Cuban tinha, de certa forma, razão pois os computadores não transformaram as práticas de ensino da maioria dos professores [nos USA] mas, por outro lado, os resultados do mesmo estudo mostram que se forem criadas as condições (relacionadas com os fatores referidos por Cuban), os computadores acabam por ser utilizados como uma ferramenta para ensinar e aprender. Também em 2000, Cuban4 constata que os professores usam os computadores muito mais em casa do que na escola e, embora reconhecendo que é necessária uma “paciência infinita”, indica que é tempo dos decisores políticos começarem a prestar atenção às condições de trabalho dos professores e às constantes exigências externas com que aqueles se deparam, para que ocorra mudança nas suas práticas pedagógicas.
Os artigos de investigação apresentados na COIED na sessão da tarde de hoje revelam o empenho e a disponibilidade dos professores lusófonos em enfrentar e responder aos desafios que lhes vêm sendo colocados: apostam no desenvolvimento da criatividade concebendo atividades para que os alunos utilizem os seus dispositivos móveis de modo a trabalhar de forma colaborativa e a coresponsabilizarem-se pela sua aprendizagem, potenciam o uso das TIC com os e-portefólios ou tentam “(re)organizar-se para a mudança do caderno para o laptop”.
Na sessão da noite, o conferencista ao referir que “cada pessoa tem a sua bolha que é o seu PLE”, a sua identidade digital, defendeu que é possível, com todos os professores, construir também uma identidade digital para cada escola, a qual permite o desfazer dos seus muros, abrindo assim a escola e a respetiva filosofia ao mundo exterior.
As palavras de Valter Hugo Mãe5: Os alunos nascem diante dos professores, uma e outra vez. Surgem de dentro de si mesmos a partir do entusiasmo e das palavras que os transformam em melhores versões, encontradas um dia destes, nas minhas viagens pela web, fizeram-me pensar que experiências como a COIED permitem-nos não esquecer que os professores são eternos alunos, que (re)nascem também diante de si mesmos todos os dias, quando se comprometem em contribuir para a mudança…
Cornélia Castro
1 Hargreaves, A. (2003, p. 9). Teaching in the Knowledge Society. New York: Teachers College Press.
2 Becker, H. J. (2000). Findings from the Teaching, Learning, and Computing Survey: Is Larry Cuban Right? Education policy analysis archives, 8(51), 1–31.
3 Cuban, L. (1986). Teachers and Machines. The Classroom Use of Technology Since 1920. New York: Teacher College Press.
4 Cuban, L. (2000).Paper prepared for the Council of Chief State School Officers’Annual Technology Leadership Conference, Washington DC (January).
5 www.blogdokalu.com.br/blogk/?p=3906
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Relato dia 10 de outubro
Dia 10 de Outubro, o 3º dia da Conferência Online de Informática Educacional – COIED 2012 continua a ser palco de uma frequência entusiástica dos participantes que, assiduamente, se têm “deslocado” até à plataforma online para enriquecer a sua formação profissional, académica e também social, uma vez que acabamos por nos sentir ligados pela partilha de interesses comuns, em rede, cada qual no seu local de residência, altamente abrangente a nível geográfico.
Este terceiro dia foi marcado por duas realidades, diria eu, antagónicas, em que pudemos constatar os avanços do mundo virtual e as limitações que toda e qualquer tecnologia está sujeita. No entanto, estes avanços e estas limitações não constituíram um obstáculo para os que apostam, realmente, na defesa da transformação dos paradigmas da educação através do uso das novas tecnologias, uma vez que não deixámos de beneficiar do grande enriquecimento que nos foi dado a receber através dos excelentes contributos dos conferencistas. Esta realidade só vem comprovar que, mais importante que a utilização das mais inovadoras tecnologias, são os intervenientes no processo de ensino- aprendizagem que fazem toda a diferença na qualidade e sucesso de qualquer acção formal/informal de Educação e Formação em todos os níveis de ensino.
Vivemos num mundo em constante mudança, sendo esta uma das principais características da sociedade actual, dita sociedade do conhecimento e da informação e sabemos que o desafio maior que ela nos coloca é o desenvolvimento de competências adequadas para conseguirmos acompanhar essas mudanças que acontecem a um ritmo cada vez mais vertiginoso.
“How then do we create the new?” (Zagalo, N.) é uma questão a que todos somos chamados a responder de forma inovadora e empreendedora, exigindo de nós competências essenciais, entre elas, a criatividade, cada vez mais reconhecida na sociedade.
Actualmente, as novas tecnologias da informação e da comunicação, além das funções meramente profissionais e formadoras, são cada vez mais utilizadas para fins de entretenimento, culturais e sociais em que a criatividade, nas mais diversas áreas, nos surge como uma das suas principais características, tornando-se pertinente dar resposta à questão “Why do we need to put technology and art together?”, mesmo sabendo que não é um processo fácil.
Os mundos virtuais, como o Second Life, são uma das respostas a esta necessidade, situando-se nas chamadas “tecnologias criativas” e que hoje são de fácil acesso e permitem ao indivíduo que as utiliza tornar-se co-autor deste processo criativo e “artístico”.
Ao acedermos facilmente a estas novas realidades virtuais, não temos consciência do grau de dificuldade inerente ao seu processo de criação, que segundo Nelson Zagalo, é longo e requer da parte de quem os cria competências ao nível de mestria, num acto contínuo de “aprender a aprender” e através de um processo de aprendizagem colaborativa com outros especialistas, em que a motivação intrínseca se torna um factor primordial para se chegar ao produto final, de fácil acesso a todos, como nós o conhecemos.
Não é por acaso que os conceitos “criatividade” e “colaboração” voltam a ser focados na sessão da noite, na participação do Professor Albert Sangrá Morer, em que tivemos a oportunidade de reflectir sobre os desafios que são colocados pela sociedade actual ao Ensino Superior, exigindo deste o uso cada vez maior do sistema E-Learning.
Se por um lado, o Ensino Superior é chamado a responder às directrizes das Comissões Orientadoras Internacionais, tais como, o aumento da qualificação académica dos cidadãos, facilitando a Educação e Formação ao Longo da Vida, “produzir novos conhecimentos através de uma investigação de excelência”, “reduzir custos” e “melhorar a qualidade da educação”; por outro, ainda existe um número elevado de instituições de ensino com um enorme receio de responder a esses desafios através da implementação do E-Learning.
A contrariar este receio está o reconhecimento mundial do mérito das Universidades de Ensino a Distância, em que o recurso ao E-Learning permite o acesso ao Ensino Superior a um número cada vez maior de estudantes que recorrem a esta modalidade de ensino.
Uma prova deste reconhecimento é a aposta, por um número cada vez maior de instituições de Ensino Superior “tradicional”, a esta modalidade de ensino online, permitindo o acesso dos indivíduos a uma Educação e Formação ao Longo da Vida e requerendo destas instituições toda uma transformação de paradigmas de ensino-aprendizagem, de organização e tecnológicos, levando as instituições a responder com empreendedorismo aos desafios que a sociedade actual lhes coloca.
Existem de facto, exemplos em que “o ‘bom e-learning’ funciona”. Uma aposta forte em modelos “criativos” e “colaborativos” é o caminho para um processo de ensino-aprendizagem de sucesso e qualidade. Esta conferência (COIED) é um desses exemplos, uma vez que reúne uma comunidade de participantes que acreditam na utilização das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação e no futuro do Ensino online.
Rosária Pacheco
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Relato dia 11 de outubro
No dia 11 de Outubro chegámos ao quarto dia da COIED 2012, estamos quase, infelizmente diria eu, a meio do percurso. Quando me foi proposto ser relatora das atividades deste dia fiquei com um sentimento de ambiguidade pois, se por um lado é sempre com imenso agrado que leio os trabalhos e assisto às intervenções do professor António Dias Figueiredo, o ambiente do Second Life e as suas potencialidades é, ainda, um pouco estranho para mim.
"Whatever happened to Second Life?" Ana Boa-Ventura
A conferência da tarde foi um bom exemplo de como não nos devemos render às dificuldades técnicas que tantas vezes atravessam o nosso caminho é necessário persistir, não desistir e encontrar caminhos alternativos, nem que seja, como foi o caso, necessário escrever e que alguém vá lendo. Eu, uma cética confessa da utilização do Second Life, fiquei rendida aos exemplos utilizados para ilustrar as potencialidades deste serviço. Perceber a importância de utilizar um avatar como forma de ultrapassar as limitações impostas por uma deficiência foi uma experiência extraordinária e constatar as consequências que isso pode ter na autoestima e até no bem estar físico de uma pessoa fez-me repensar a minha opinião sobre o Second Life. O contrário também foi revelador, perceber que há a possibilidade de criar uma história em que um indivíduo pode assumir o papel de alguém, normalmente descriminado, pode ser uma mais valia quando, em contexto escolar, se pretenda que os alunos abandonem o egocentrismo natural da adolescência e vejam o mundo pelos olhos daqueles que normalmente ignoram ou desprezam apenas porque não os compreendem. Não tenho dúvidas que isto terá vantagens óbvias e auxiliará as escolas no seu papel de criação de cidadão ativos, responsáveis e preocupados com os outros.
Contextos de Aprendizagem – Professor António Dias Figueiredo
Segundo o professor Dias Figueiredo, seguindo os modelos industriais em que se inspirou há duzentos anos, a educação baseia-se hoje na compartimentação dos saberes, em conformidade com a lógica dos conteúdos. A compartimentação permite compreender uma coisa de cada vez, mas nega contextos. No oceano de informação e complexidade em que vivemos no século XXI, são os contextos e não os conteúdos que oferecem estrutura e dão sentido aos saberes.
O ensino massificado foi descontextualizado e dividido em disciplinas e os professores tentam dar algum sentido aos conteúdos modificando, sempre que possível, os contextos. Os conteúdos valem pouco se não forem acompanhados de um contexto que potencie a aprendizagem. O design do contexto está, cada vez mais, facilitado, pois atualmente há imensas ferramentas tecnológicas que, teoricamente, permitem criar contextos potenciadores de aprendizagens significativas. Este resultado não está garantido automaticamente pois acontece, muitas vezes, que os professores continuam a usar as ferramentas tecnológicas muito avançadas ao serviço de metodologias tradicionais e portanto, na prática, mantendo o mesmo contexto. Escolher o “caminho menos percorrido faz toda a diferença”, é incomensuravelmente mais difícil mas, eventualmente, mais recompensador!
Nesta comunicação foram esclarecidas algumas questões relacionadas com o conceito de evento de aprendizagem, contexto e conteúdo, apontadas vias de investigação e apresentados casos concretos de contextos de aprendizagem.
Os que não puderam assistir podem consultar a apresentação em http://www.slideshare.net/adfigueiredoPT/contextos-de-aprendizagem, mas, infelizmente, sem os preciosos esclarecimentos do autor.
Diretamente do Nordeste Transmontano (coisa que sem o contexto tecnológico seria impossível).
Paula Minhoto
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Relato dia 12 de outubro
"Resta esperar pela continuação do projeto em 2012 e agradecer à organização da COIED (A Conferência Online de Informática Educacional) a oportunidade de continuar a ser aprendente: Obrigada." - Foi desta forma que concluí o relato da segunda semana da COIED, em 2011, no meu blog, numa iniciativa pessoal que reconhecia naquela experiência inédita a oportunidade de partilhar o meu testemunho.
E cá estamos de novo.
Ontem, dia 12 de outubro, terminou a primeira semana da COIED 2012 e, desafiada pelo Professor José Lagarto, irei dar o meu testemunho sobre as duas sessões desse dia.
Ao fim da tarde, a partir das 19:00, assisti à apresentação de três boas práticas: "A História romana na Wikipédia", apresentada pela Professora Juliana Marques; "Robots na aula de Matemática: Aprender Estatística com recurso a Tecnologias", apresentada pela Mestre Paula Lopes e "Os Robots como ferramenta pedagógica no 1º Ciclo do ensino básico, apresentada pela Mestre Sónia Martins. Já à noite, pelas 21:30, acompanhei a conferência dada pelo Professor Roberto Carneiro sobre os paradigmas da nova aprendizagem.
Paulo Belo, o moderador da sessão do fim da tarde, sintetizando os assuntos que iriam ser apresentados resultantes das boas práticas, diria que se tratava de uma sessão virada para as tecnologias. E assim se confirmou.
Começámos por ouvir a apresentação da Professora Juliana Marques que do outro lado do oceano nos falou dum curso onde se pretendia que os alunos aprendessem a editar na Wikipédia. Apresentou o perfil da disciplina, caracterizou a turma, e falou-nos dos "embaixadores" que tinham sido elementos bastante importantes: eram os monitores técnicos que tinham ajudado os alunos a editar texto, na Wikipédia. Foi-nos explicado, de seguida, como todo o processo decorreu. Da apresentação das principais dificuldades e objetivos específicos apresentados, destacaria o seguinte aspeto: a tomada de consciência de que a Wikipédia é um material didático usado por todos e que, portanto, para que seja fiável, urge melhorá-lo. Ficou mostrado, parece-me, que o desenvolvimento de projetos semelhantes ao que a Professora Juliana Marques lidera poderão ser uma boa metodologia.
Depois, as mestres Paula Lopes e Sónia Martins apresentaram-nos os seus projetos de doutoramento, ambos envolvendo a utilização de robots associados ao ensino da matemática. No primeiro caso, envolvendo alunos do 8ºAno, portanto 3º Ciclo, e, na segunda situação, alunos do primeiro ciclo.
Do que ouvi e vi, porque nos foram mostradas imagens do envolvimento dos alunos nos projetos, destacaria os seguintes aspetos que, para mim, como professora de Língua Portuguesa, considerei mais relevantes dessas práticas:
- Na experiência que envolveu os alunos do 8ºAno, o facto de se destacar o processo conjunto de negociação, com relevância para a responsabilidade mostrada pelos alunos, mas também o empreendimento e a capacidade de argumentação suscitada pela competição gerada pelo próprio projeto.
- Na experiência que envolveu os alunos do 1º ciclo, registei como relevante o facto de ter sido dito que a metodologia de trabalho de projeto fez sobressair nos alunos competências que as próprias professoras não conheciam. Também relevante, e, por isso, de destacar a responsabilidade com que os alunos se envolveram no projeto.
A terminar esta primeira parte, gostaria de fazer referência a um aspeto que me parece bastante característico de uma conferência totalmente online, em particular esta, que mantém o "chat" sempre aberto durante as conferências. Além do feedback que vamos dando sobre como estamos a ouvir e ver o que vai sendo transmitido, permite-nos ir, no momento, comentando e interagindo quer com os outros participantes quer com os próprios conferencistas, moderadores e administradores.
Dessa interação e a propósito desta primeira parte do dia de ontem, na COIED, eu deixaria aqui as palavras de João Paulo Martins que escreveu o seguinte no chat: "Muito bem! Sem dúvida, os contextos de aprendizagem (como vimos ontem com o Professor Figueiredo) são potenciadores do êxito das aprendizagens."
E desta forma faria a ligação para a conferência da noite, dada pelo Professor Roberto Carneiro, onde ouvimos falar dos paradigmas da nova aprendizagem. Nesse propósito, o Professor Roberto Carneiro presenteou-nos com um discurso subdividido em quatro temáticas:
Tema 1- O cérebro aprendente;
Tema 2 - Os sentidos da educação;
Tema 3 - Novo conhecimento, nova aprendizagem, aprendizagem autoregulada;
Tema 4 - Mudança pessoal, diversidade e generativismo.
A sessão iniciou e ouvimos falar sobre a forma como aprendemos, dando-se particular atenção à aprendizagem emocional, provando-se que as emoções têm um papel relevante na predisposição para aprender. Depois, aconteceu um dos momentos mais cativantes daquela sessão: num slide onde se escrevia apenas "Why imitation makes us human", o Professor desafiou-nos a refletir sobre essa questão, através do visionamento de vários vídeos, cujo acesso nos foi facultado no próprio espaço onde decorria a conferência. Essa situação provocou, no chat, inúmeras participações.
Já no segundo tema, foram-nos apresentados vários esquemas e quadros onde parecia estar clara a emergência de novas formas de aprender. O processo dá-se de forma contínua, partindo do simples para o complexo, do quantitativo para o qualitativo, do indivíduo para a comunidade.
Passámos para o terceiro tema e a questão que aqui se pretendia perceber, quanto a mim, era por que razão alguns conseguem aprender diferentemente. Será importante, nesse processo, um conjunto de características / qualidades, fazendo aqui referência ao trabalho apresentado nos dois slides onde se cita Oliveira Martins sobre os Portugueses, mas também, e em destaque para a consecução desse objetivo, a autoregulação da aprendizagem que permite, segundo Paris&Byrnes, 1989, "superar obstáculos com persistência e criatividade."
Chegámos ao quarto tema e, quase como se de uma conclusão se tratasse, a Web semântica e a generatividade (o renascer para a mudança) são-nos apresentados como o caminho a seguir. A apresentação terminou com a imagem da Fénix e foi recebida pelos participantes como um verdadeiro estímulo a agir para a mudança.
A sessão terminou com a audição de Mariza em Música do povo. Terminávamos a semana, como disse o Professor José Lagarto com a chave de ouro. Foi um momento intenso e profundamente humano mediado pela tecnologia.
Rosalina Simão Nunes
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Relato dia 15 de outubro
Relatando o sentimento de quem lá esteve...
E cá estamos de volta, a 15 de Outubro, 1º dia do resto (2ª semana) da nossa Conferência. Conferência tão nossa, quanto a frequência e empenho de tantos nós, ligados por 3 letrinhas apenas: M.I.E. Tão de todos, quanto o espírito de partilha e colaboração de tantos outros, de outras “casas” igualmente sem portas, mas com grandes janelas, para a construção da sociedade de conhecimento. Este, que é o pão para a “boca” do nosso século, esfomeado de uma inteligência coletiva, que seja capaz de organizar a realidade e solucionar os problemas complexos do nosso mundo caleidoscópico.
Mas continuemos a nossa reflexão colaborativa neste grande fórum, que é a COIED 2012,hoje iniciado com a temática da construção colaborativa do conhecimento... nem de propósito :)
Eu digo... Tu concordas... Ele acrescenta... Nós construímos conhecimento, produto da dança dos nossos pensamentos, escritos no chat e acionados pela mensagem de quem “dá a cara” Handherson Damasceno. Tanto mar e tanta proximidade. Com toda a energia e motivação, ultrapassando partidas auditivas, conta-nos as suas pesquisas na formação de Professores na Universidade Federal da Baia, no PROUCA, no UCA. E o duo-chave de conceitos é: a colaboração-mediação. Colaboração que precisa de ser compartilhada na rede, fomentada por uma mediação, para evitar o distanciamento e a desistência no EAD. Colaboração, em rede síncrona ou assíncrona, responsável por uma invenção/reinvenção de um constructo pessoal e coletivo, num processo dinâmico de remixagem, ressignificação, autoria, de autonomia, facilitado pelo Tutor online. Independente do palco de pesquisa, o que interessa é a internalização do conhecimento, a democratização da cultura, para uma difusão de conhecimento, num país tão grande como o Brasil.
Seguimos a nossa colaboração, ao som de Denise Moraes e o seu artigo sobre a relação entre as TIC e o trabalho pedagógico intitulado... o PDE em acção (programa apadrinhado pelo governo no Estado do Paraná, com a duração de 10 anos, ligado às universidades públicas). Neste, os docentes em formação são retirados do ensino, inicialmente a 100%, para se dedicarem exclusivamente à sua formação e a seguir são integrados progressivamente nas atividades escolares, passando a palavra. Isto é, desenvolvem junto aos colegas (das suas ou de outras escolas) uma metodologia para utilizar os recursos existentes, nos laboratórios de informática, a TV multimédia... Há que salientar que nos seminários sobre o carácter pedagógico das TIC, é sublinhada a relevância do professor como mediador de todo o processo. Neste projeto construiu-se um ambiente virtual de aprendizagem, utilizando-se os diferentes media, a Internet, na produção de textos/hipertextos. Todo o processo era auxiliado com as TV pendrive que existiam em cada sala de aula do ensino público. Na formação dos professores para além do ensino da utilização das ferramentas, era sublinhada a importância do trabalho pedagógico. De tudo isto, resultaram cadernos pedagógicos e material didático e constatou-se uma motivação para a continuação de estudos, satisfação com o trabalho colectivo e abertura ao novo, por parte dos professores do PDE. Bem interessante era o que mais se “ouvia” na nossa sala de bate papo. Talvez um dia nos possamos dedicar a 99% à nossa formação :)
Muda-se o orador mas a interatividade perduuuuura, com a energia recarregada por ene Smiles e LOLs, compassados por silêncios de audição mais exclusiva de João Piedade e do seu estudo comparativo dos efeitos das iniciativas formais e informais da formação nas práticas com TIC. Palavras mestras que relembram o desafio que cabe à escola e aos educadores para proporcionarem a todos os alunos, as mesmas condições de literacia digital, para se transformar em cidadãos ativos. Necessita-se de corpo docente formado e de ultrapassar obstáculos… falta de equipamento e de formação, deficiente visão dos orgãos de gestão, falta de autonomia das escolas. Há que trabalhar a formação, a motivação, a autoeficácia e a gestão dos currículos. E João Piedade fala sobre a sua pesquisa em que estudou as variáveis autoeficácia e utilização das TIC num corpo docente maioritariamente feminino, com licenciatura, tempo de docência entre 20 e 40 anos e com alguns anos na escola. Verificou que apenas as iniciativas formais de formação apresentavam diferenças significativas quanto aos efeitos das mesmas ao nível da autoeficácia e na utilização das TIC nas praticas docentes. MIms Sheperd e Inan (2010) Avalos (2011) demonstra a importância dos informais.
Mais perguntas e respostas entre a audiência e o orador, numa reflexão conjunta sobre este tema tão importante alicerçado nas TIC.
E entramos na última troca de conhecimentos do dia, que dá razão ao ditado “a brincar também se aprende”. Serious Learning Games ou simplesmente Learning Games. Tem a palavra Carlos Vaz de Carvalho.
Na linha do contraditório... e porque não usar jogos na aprendizagem. Não é o que nós fazemos diariamente desde pequenos? Quem joga? Diz quem sabe, que não são só as crianças. O escalão etário mais representado tem mais de 18 anos. Quem joga o quê? Quem gosta do quê? E o bate papo não para… move-se o chat a uma velocidade que assusta qualquer moderador. Vamos lá acabar com as falsas ideias sobre o “desgraçado” acusado de má companhia para quem leva a vida a sério. Sim, porque o jogo e a aprendizagem são farinha do mesmo saco. Se não vejamos. O jogo é estruturado, tem objetivos e desafios. Tem regras e ambientes restritos. Há vários tipos, para todos os gostos e estilos de jogar / de aprender (de aventura, arcaico, de opção, role-play, war, estratégia... ou de Governo e NGO, de defesa, de cuidados de saúde, de comunicação, de educação, de corporação de industria). Numa palavra promovem a estimulação física e mental, ajudando a desenvolver capacidades práticas e a tomada de decisões. Dão prazer e aumentam a motivação. Não é isso o preciso para uma aprendizagem significativa?
É que o jogo é tão sério, que o seu fabrico não é para qualquer um. Há que trabalhar com cuidado variáveis como motivação, interactividade, insucesso, competição/colaboração. O Design dos jogos para aprendizagem tem de ter em conta o paradigma: motivação, controle, feedback, aprender com erros, competição/colaboração, flexibilidade e desafios bem sequenciados.
E que tal uma amostra para deixar a vontade de ... Carlos Vaz de Carvalho mostrou-nos jogos tão interessantes como o “Constrói a tua história” , o “Funchal 500 jogo de Roleplay “ e o jogo de História “Timesh” que despertou tanto interesse em todos nós.
Não tenhamos duvidas… apliquemos o jogo na aprendizagem. Como cumprir programas e ultrapassar outros obstáculos… bem alguma solução se há-de arranjar.
Teresa Oliveira
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Relato dia 16 de outubro
Com a habitual capacidade de empatia que a COIED consegue ter com o “seu” público, mais uma vez contemplou com interesse os assistentes, com as diversas apresentações desta terça-feira, da primeira à última palavra.
A primeira parte das Boas Práticas foi consagrada à apresentação do recurso do podcast e a sua utilização com dispositivos móveis, como telemóveis e leitores de MP3, identificando as vantagens da sua aplicação na aprendizagem, como meio de apoio e de orientação numa visita de estudo a um museu. Como tecnologia emergente, pela sua facilidade de acesso a dados e informações e mobilidade, continua a merecer a nossa atenção como uma fonte de mudança na sociedade e no ensino.
Posteriormente, foi-nos apresentado a EVTux, de distribuição livre, para a integração das ferramentas digitais. A questão principal da apresentação centrou-se na formação, incorporada com a realização de ações de formação contínua para professores, onde o orador referiu a importância e as vantagens da utilização do software livre e de aplicações gratuitas no contexto educativo, neste caso concreto do EVTux, concebido especificamente para os docentes de Educação Visual e Tecnológica, Educação Visual, Educação Tecnológica, Artes e Tecnologias, embora haja a possibilidade de ser extensível a outras áreas.
Antes da hora de jantar, foi abordado o tema dos Recursos Educativos com o Google Earth: as TIC e o desenvolvimento profissional docente. A evolução deste projeto, como recurso educativo digital, juntamente com o respetivo guião de leitura, permite ao utilizador navegar através das Viagens da Literatura, a rota de inovação do ensino e da aprendizagem com as tecnologias, na formação docente. Assim, o aluno será o centro e a partilha das boas práticas é fundamental, abrindo horizontes aos docentes nas suas novas práticas pedagógicas.
O regresso dos trabalhos teve como tema “EduScratch”. O Scratch, foi concebido no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e é acessível a todos (desde o pré-escolar), do ensino regular ao especial, na Escola e em família, como software livre. A programação é realizada através da criação de sequências de comandos simples, que correspondem a blocos de várias categorias, encadeados de forma a produzirem as ações desejadas. Como linguagem de programação, torna-se fácil ao utilizador criar as suas próprias histórias interativas, animações, jogos, música e arte, partilhando as suas criações na internet. Como ferramenta web 2.0, combinado com outras ferramentas e integrado em experiências de aprendizagem, promove o potencial criador colocando o aluno no centro da produção de conteúdos sobre qualquer tema. Os jovens, ao criar e ao partilhar os seus trabalhos, aprendem a pensar criativamente e, de uma forma sistemática, a trabalhar de forma colaborativa. O projecto EduScratch possui como meta principal promover a criação e o desenvolvimento de uma comunidade de educadores em torno da utilização desta ferramenta em ambiente escolar.
Para finalizar, apenas desejo mencionar que, como habitualmente, moderado por interações livres ou guiadas, entre perguntas e respostas, o chat contou com “o grande auditório dos participantes presentes”, de estudantes, professores e convidados.
A reflexão destas temáticas e a partilha de experiências em cenários educativos, e respetiva articulação em torno de práticas pedagógicas, que por vezes são resistentes aos processos de mudança, fez-nos transportar temporariamente para uma sala de aula, onde tivemos o privilégio de ver e ouvir as potencialidades, a nível lúdico e pedagógico, do bom uso destas ferramentas, para que seja a porta que se abre para um desafio de inovação e não por exceção, passo a passo. “Todos os dias se aprende imenso na COIED” (fórum: 21:36)
Como referiu a Dr.ª Teresa martinho Marques, Ortega y Gasset afirmava em 1933 que “ensinar é primária e fundamentalmente ensinar a necessidade de uma ciência e não ensinar uma ciência cuja necessidade seja impossível fazer sentir ao estudante.”
Francisco Silva
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Relato dia 17 de outubro
Na linha do que tem vindo a acontecer nas comunicações realizadas no âmbito da COIED 2012, o oitavo dia trouxe-nos, mais uma vez, um conjunto de tendências e abordagens pedagógicas inovadoras, as quais marcam o atual contexto da educação, cada vez mais mediada pelas tecnologias.
Na sessão da tarde, tivemos oportunidade de conhecer um pouco do trabalho e visão do Professor Leonel Morgado, expressos na sua comunicação “Partilhar situações de aprendizagem: coreografias partilhadas em mundos virtuais”. Recorrendo ao Second Life, o orador conseguiu reunir um número significativo de participantes, entre os quais eu próprio que deambulei, pela primeira vez, neste “ambiente misterioso” (como descreveu o Professor José Lagarto) com um misto de curiosidade, medo e ousadia...
A questão dos mundos virtuais foi necessariamente aflorada, tendo sido apresentados novos caminhos para o aproveitamento de todo o seu infinito potencial, o qual vai muito para além do encontro e debate. Para o Professor Morgado, este ambiente permite treinar procedimentos, o confronto com atitudes de outras pessoas, a criação de contextos espaciais e de conteúdo em que os avatares assumem comportamentos… tudo isto numa coreografia passível de ser partilhada e utilizada em múltiplas situações (e.g., treino de uma equipa de andebol, montagem de um motor de um avião, ...).
O conferencista caraterizou e expôs experiências já desenvolvidas, bem como apontou rumos para o desenvolvimento dos mundos virtuais, numa perspetiva de criar coreografias e cenários, bem como gravá-los e partilhá-los num repositório de coreografias e cenários, disponíveis on-line. Concluiu, referindo que o caminho a percorrer é, ainda, imenso e que é necessário que continuamente surjam questões e novos desafios, pois estes são determinantes para a busca de soluções e rentabilização das múltiplas potencialidades (algumas delas ainda tenuemente exploradas) dos mundos virtuais.
A segunda conferência do dia, intitulada “Novas metodologias de integração entre ambientes presenciais e digitais” e proferida pelo Professor José Manuel Moran, traduziu-se por uma visão de pendor marcadamente humanista da integração do digital e presencial, ambientes e modalidades complementares essenciais à aprendizagem no atual e futuro contexto da sociedade / educação.
Com efeito, o Professor Moran, partindo da descrição daquilo que são as tendências e caraterísticas que marcam a evolução tecnológica hodierna, passando pela caraterização de experiências no uso de metodologias presenciais e à distância, na modalidade de b-learning, até ao recurso àquilo que designou por “aula invertida” (iniciada com recursos digitais, seguida da mediação do professor / tutor e concluída pelo uso das tecnologias), foi continuamente sublinhando a importância cabal do elemento humano (professor, tutor, orientador/ facilitador) em todo o processo de ensino-aprendizagem.
Para Moran, o virtual é a continuidade do presencial e o ensino está centrado na pessoa humana (“Educação Humanista Inovadora”). As mudanças aceleradas e profundas demandam respostas rápidas que tardam em surgir… É necessário desenvolver novas competências, evitar que as máquinas substituam o homem e o subjuguem… Ensinar, neste contexto, terá de passar necessariamente por ajudar a formar pessoas criativas, empreendedoras, inovadoras… As metodologias terão de ser sobretudo ativas… Há que fazer uma gestão mais flexível dos contextos educativos, combinando ambientes mais controlados com ambientes mais livres… Durante a vida, terá o indivíduo de adotar um PLE (Personal Learning Environment), um processo em construção permanente... (e muito haveria a acrescentar!)
Embora diferentes no conteúdo e no modo como foram apresentadas, as duas comunicações tiveram, na essência, mais aspetos que as aproxima do que as separa: a consciência partilhada por ambos da necessidade de responder eficazmente aos desafios da sociedade atual; o esforço contínuo que é necessário empreender (as pequenas conquistas…); o otimismo que um e outro orador demonstram quanto à capacidade de surgirem novas respostas para situações e problemas que nos afetam.
Por outro lado, a complementaridade das duas abordagens assenta, também, no facto de haver vida para além dos mundos virtuais… Por muito tempo que o digital nos possa tomar (e ser imprescindível até), somos sobretudo humanos – e isso é que nos distingue: a tecnologia terá de estar sempre, qualquer que ela seja, ao serviço do Homem e não ao contrário!
João Paulo Martins
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Relato dia 18 de outubro
O penúltimo dia da Conferência Online de Informática Educacional trouxe-nos um máximo de apresentações por dia, num total de 5.
Na primeira sessão, tivemos a apresentação de 2 artigos de investigação e de 2 boas práticas. As atividades iniciaram-se com a apresentação da Luísa Diz Lopes que partilhou a um trabalho realizado no âmbito de uma dissertação de mestrado em TIC na Educação e Formação, sobre o Planeamento de uma revista Júnior de Investigação Suportada por um Sistema de Edição Eletrónico. Este projeto editorial online de investigação, desenvolvido junto da geração do “gosto” e do “copy-paste”, teve como ponto partida a valorização e construção do conhecimento científico em detrimento do plágio. Foi classificado de “ambicioso” e promoveu a relação entre os trabalhos científicos e as TIC.
Um bom exemplo de como se pode desenvolver a o pensamento crítico e a consciência científica dos alunos.
Seguiu-se a apresentação de José Manuel Couto sobre o Ambiente Digital e a Aprendizagem da Língua Materna que, muito na sequência da investigação anterior, nos alertou para as dificuldades de oralidade actualmente presentes na inter/intra comunicação e para a valorização das tecnologias como recurso complementar à transmissão do conhecimento.
Apresentou-nos o conceito das TICA – Tecnologias de Informação, Comunicação e Aprendizagem onde destaca a necessidade de converter o conhecimento/comunicação em fator de aprendizagem, muito por motivo da atual problema da preguiça mental e da falta de análise dos trabalhos entregues.
Passamos então para as apresentações de Boas Práticas onde João José Leal cativou a atenção da audiência com a sua apresentação dos Desafios perante as Diferenças e o trabalho desenvolvido através das TIC com alunos surdos.
Partilhou com a audiência as dificuldades presentes nas formas diferentes de comunicar com estes alunos que durante o seu percurso de aprendizagem não são capazes de mostrar o seu verdadeiro potencial. Durante este período constatou que muitas vezes projetava conteúdos, mas sem significado. Perante este cenário, promoveu o desenvolvimento de um conjunto de vídeos educativos com tradução em Língua Gestual Portuguesa. Este trabalho permitiu ainda verificar a crescente importância da promoção de formas de comunicação complementares no interesse da comunicação global.
Esta apresentação terminou com uma frase de Hugo de Almeida que espelha o espírito com que este trabalho foi desenvolvido e que cita que «O professor, como comunicador do séc. XXI não é aquele que se submete a um sistema baseado no passado, mas sim aquele que entende e absorve as plataformas do presente, sem medo, as do futuro.»
Para encerrar a primeira sessão do dia, Damiana Guedes apresentou-nos outro excelente exemplo de Boas Práticas de como Criar, Aprender e Partilhar com Conteúdos Multimédia.
Aqui também se releva a utilização das TIC na distribuição de conteúdos com destaque para o podcast.
O trabalho desenvolvido junto de professores do ensino superior, pretendeu identificar potencialidades e práticas para a dinamização de processos de ensino/aprendizagem, decorrentes da integração de conteúdos multimédia (podcasts, vodcasts, screencasts e tecnologias emergentes de casting).
Através de uma investigação-ação, verificou-se como o desenvolvimento de competências em TIC na criação de conteúdos multimédia é igual a boas práticas em contexto de ensino-aprendizagem. Embora se mantenham as resistências, nomeadamente pela dificuldade em utilizar a tecnologia e pela falta de tempo para este tipo de trabalho, quem experimenta, gosta e quer mais...
Esta última presentação da primeira sessão levantou bastantes questões da audiência sobre a complexidade técnica associados ao desenvolvimento destes recursos digitais educativos.
Para a segunda sessão do dia, Maria João Gomes da Universidade do Minho brindou-nos com uma reflexão sobre os Recursos Educativos Digitais.
Começou por questionar a audiência sobre:
- Quem utiliza recursos/conteúdos digitais que não são autores?
- Quem utiliza recursos/conteúdos digitais que são autores?
- Quem promove a utilização de recursos/conteúdos digitais junto dos alunos?
De seguida, e como ponto de partida da sua reflexão, partilhou duas citações:
- Dos textos aos contextos, onde questiona a valorização relativa dos conteúdos e dos contextos em que se efetuam as aprendizagens;
- Objetos de aprendizagem ou aprendizagem com objetos, onde questiona o conceito de OA com o qual até se sente desconfortável.
As questões inicialmente colocadas serviram de introdução à importância dos contextos em os conteúdos pedagógicos são distribuídos, pois os professores, enquanto produtores de conteúdos, conseguem valorizar os contextos das aprendizagens, através do desenvolvimento de competências digitais e sociais mantendo a narrativa pedagógica. Por outras palavras, não conteúdos sem contextos.
Ainda segundo a conferencista, os Objetos de Aprendizagem (OA) valorizam em demasia o aspeto técnico da normalização e da reutilização em prol do aspeto pedagógico.
Os OA têm muitas vezes implícita a ideia de que se podem transmitir aprendizagens, quando na verdade as aprendizagens são construídas.
Ainda perante outra perspetiva, alertou-se para a necessidade dos AO pertencerem aos ecossistemas de aprendizagem, onde professores e alunos se apresentam quer como consumidores, quer como produtores.
Para melhor compreensão das suas ideias, partilhou alguns exemplos de recursos educativos disponíveis online, onde destacou a importância o valor científico dos mesmos.
Em discussão com a audiência, que se apresentou mais uma vez em grande número, ainda teve oportunidade de partilhar a sua visão muito pessoal sobre os repositórios nacionais de recursos educativos e o desenvolvimento de CoP onde muitos professores constroem os seus próprios OA.
Resta esperar pela sessão de encerramento e pelas prometidas surpresas que com certeza nos deixarão com “água na boca” para mais uma COIED...
Sérgio Cardoso
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Relato dia 19 de outubro
Até à COIED 3
Chegamos à meta. O calendário marca 19 de outubro do ano de 2012. Passa pouco das 23h00 e os membros da comissão organizadora, no seu encontro habitual de pós sessão, falam de saudades. Esta despedida emocionou-nos. Somos acima de tudo humanos e não robots que aprendem.
Sim, o que vamos fazer agora todas as noites? Como vamos inventar algo para ocupar o tempo entre as 19h00 e as 23h00?
Claro que temos sempre mil e uma coisas para preencher o nosso tempo, mas as experiências que nos enchem e preenchem são difíceis de parar. Como esta COIED 2012.
A nossa família alargou, criamos novos amigos. Roubando a ideia ao último ecrã deixado no ar pelo Professor Paulo Dias enquanto se faziam perguntas, suspeitamos que estamos no limiar de uma “comunidade de inovação pedagógica”.
As palavras de incentivo e apoio que muitos participantes nos deixaram demonstram essa comunhão de ideias e emoções.
Modestamente, cremos que ainda não chegamos ao patamar de excelência que a Professora Teresa Bettencourt deixou no chat:
“Acho que todos os participantes têm uma vasta experiência de Congressos e eventos afins. Para mim a COIED está entre a melhor conferência de todas. Deve-se ao formato, à seriedade e profissionalismo da Comissão Organizadora. A transparência. O esforço de envolvimento e acompanhamento de todos. Os diários são notáveis! Muitos parabéns.”
Mas mesmo sabendo que a qualidade foi muito boa, graças a todos, conferencistas, apresentadores de artigos e boas práticas, relatores e participantes, temos muito que trabalhar para sermos ainda melhores. Precisamos de não esmorecer a criatividade, a inovação. Precisamos de tecnologia fiável, precisamos talvez de encontrar mais parceiros que acreditem que este é um modelo onde a aprendizagem se faz com todos e em benefício de todos.
Não temos objetivos financeiros. Somos professores, alunos e ex-alunos de um mestrado que nos marcou. Queremos continuar cada vez mais a explorar este ideal de tornar a aprendizagem com TIC algo gratificante, especialmente para os nossos alunos. Mas para isso temos de incutir nos professores a capacidade de gerar contextos de aprendizagem online, ou, como o repto final…pertencermos a uma grande comunidade de inovação pedagógica. E é esse o nosso objetivo.
Relembramos o que está desde sempre no nosso sítio web: “… a Internet e as TIC oferecem oportunidades aos professores para colaborarem com os seus pares na construção de novos conhecimentos, aprenderem sobre novos recursos e desenvolverem estratégias que atualizem e melhorem práticas pedagógicas.”
Sim... chegamos ao fim da COIED 2012... a COIED3 já começou nas nossas cabeças.
Um destes dias voltar-nos-emos a encontrar no nosso palco. Entretanto vamos andado por aí a criar teias de cumplicidade e de inovação e a criar “Contextos de Aprendizagem em ambientes online”
2012, outubro, 19
A Comissão Organizadora
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